Sentar na areia e abrir um livro, um livro que seja, e brisar por alguns minutos a esmo. Curtir. Curtir muito mesmo o momento e aproveitar. Me espicho e tento me esquentar um pouco sob o sol pálido de fim de tarde, sem nem notar os tênis já cheios e os bolsos fartos de areia, “Ah!” e “Ah!”. Praia meio esquecida, empoeirada, com águas escuras e às vezes claras. Camburi velha, então. Os olhos ressecados; me entreti com as ondas a quebrar preguiçosamente nos molhes, com o porto de Tubarão bem ao longe, cinza e triste, sob a poeira ferruginosa da Vale a escorrer do lado de lá. Os freios dos ônibus chiavam, logo atrás de mim, levando pessoas pros seus apartamentos depois de um dia de trabalho. Me lembram que a vida parou por ali, naquele mesmo ponto onde eu desci, e estava a me esperar.