Outro dia desses lembrei de outro pequeno caso de amor que tive na minha inocente infância. O nome dela era Mayza (ou Maysa, não sei), ela era do tipo de menina pop da sala, era moreninha e, pros padrões da época, bem gostozinha.
Certa vez, numa quadrilha da 7ª série da qual eu participei – se eu falasse alguma vez que não iria participar da quadrilha, as meninas mais seriam capazes até de jogar fora suas pastas com milhares de fotos do Nick do Backstreet Boys, recortadas da Capricho, para me convencerem a participar daquela palhaçada toda -, havia um “passo” da dança na qual os rapazes deveriam abandonar o seu par e escolher outra senhorita para uma dança no centro da roda.
Aí que está a jogada: a menina poderia aceitar ou não o convite, sinalizando de acordo com a escolha. Caso ela dissesse que não, todas as pessoas que estivessem em volta deveriam falar em uníssono “GELO”, humilhando assim o infeliz para o resto de sua vida.
A minha intenção era convidar a Mayza para a dança. Com certeza, se ela aceitasse o convite, eu iria ganhar uma moral imensa da galera, já que os caras que se achavam os malandrões da turma não estavam participando. Minha moral seria tão alta, que eu não seria mais o último a ser chamado no time de futsal da sala.
Andei até o centro da roda, olhei vesgamente para a menina e fui confiante da vitória.
Dei alguns passos até me aproximar da garota e peguei-a pela mão esquerda. Como se ela estivesse sendo tocada por um Aidético que estivesse com a mão cheia de machucados, com sangue escorrendo entre os dedos, ela puxou a mão e virou de costas numa fração de segundos, caracterizando o sinal para o “gelo”.
Neste momento, não somente as pessoas que estavam em volta, como também toda a escola falou à plenos pulmões: geeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeelo. Aquilo realmente me gelou por um instante.
Com a derrota estampada na cara, com o ego ferido e com a moral perante os colegas abalada, dei meia volta e voltei ao meu lugar.
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Adendo: hoje saiu o resultado da UFES. Minha irmã passou em 5ª colocação para Ciências Sociais. Que orgulho! 🙂